Sabias que aproximadamente 1/3, ou 1.3 biliões de toneladas da comida produzida no nosso planeta, é desperdiçada todos os anos? De todas as categorias, as frutas e legumes perfazem 45% desse número, segundo estudos feitos pela FAO.
Porque é que nos podemos dar ao luxo de produzir tanta comida pelos quais os agricultores não têm retorno?
Isto deve-se ao facto de termos aprendido a produzir comida a um valor muito baixo. Além disso, a produção dos agricultores não é normalizada, padronizada, ou quantificada como outros produtos industriais e por isso, factores inesperados como tempo, doenças ou insetos, vão fazer com que os agricultores dupliquem a sua produção de forma a atingirem as quantidades que os seus contratos pedem. Os argumentos éticos por detrás deste volume de desperdício alimentar não tem fim, mas os problemas não acabam aqui.
A produção intensiva produz para a atmosfera o equivale a 3.3 gigantones de CO2.
Este cálculo é feito sem contar com a quantidade de emissões relativas às mudanças de utilização de terras, o que aumentaria o número entre 20% a 40% , um valor mais alto do que as emissões permitidas em qualquer país do mundo, excepto a China e os Estados Unidos. Na Europa, há uma relação injustificável entre o desenvolvimento económico e o nível de desperdício alimentar, com mais de 89 milhões de toneladas de comida a serem desperdiçadas todos os anos.
As consequências, como sabemos, são desastrosas. A acumulação do desperdício, o esgotamento dos solos, aumento do uso de fertilizantes, emissões de carbono ligadas a custo dos envios de longa distância, são alguns dos conceitos que já são familiares a todos nós. Até agora, já sabemos que a sazonalidade e a localização dos produtos, são aspectos importantes na redução das emissões ligadas à agricultura, mas podem não ser o suficiente para realmente reduzir o desperdício alimentar.
É possível mudarmos os nossos hábitos?
Somos criaturas visuais e os produtores sabem disso; mas no mundo das frutas e legumes, como em tudo na vida, a perfeição não é sempre medida em termos de simetria e formatos uniformes. Algumas socializações na nossa vida, estão intrínsecas no nosso crescimento, pois é enquanto crianças que criamos as nossas ideias e conceitos sobre o que é ou não uma aparência normal.
A natureza complexa de comportamentos relacionados com desperdício alimentar, tem sido altamente estudada por cientistas, mas o argumento social mais provável é mais simples do que imaginamos. A racionalização de alimentos pós-guerra (que existiu praticamente em toda a Europa no final do último século, não nos deixou grande espaço para sermos esquisitos, mas de qualquer das formas aumentou a produção de comida nos anos seguintes.
Contudo, nem tudo está perdido, porque o que faz a diferença entre o antes e o depois, é o conhecimento que temos hoje em dia. Hoje com a consciência dos problemas do desperdício alimentar, ambientais e sociais, e o número de pessoas que passam fome no nosso planeta, a escolha é simples. Largar ideias pré concebidas e fazer parte de um mundo onde toda a comida é vista de igual forma!